Dia Mundial Sem Tabaco: tabagismo acende sinal de alerta em países de baixa e média renda

Na imagem: Realização de exame de radiografia de tórax
Crédito: Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde

O tabagismo é um problema de saúde pública global cujo impacto em países de baixa e média renda é potencializado devido à sobrecarga dos sistemas de saúde dessas nações. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que atualmente existem 1,25 bilhão de adultos consumidores de tabaco em todo o mundo, isto é, uma a cada cinco pessoas fumam. Destes, 80% vivem em países de baixa ou média renda, como é o caso do Brasil.

As razões para o alto consumo de tabaco nessas nações são variadas, mas entre elas podemos destacar a menor regulação acerca de produtos fumígenos – com destaque para a publicidade – bem como uma maior aceitação cultural do tabagismo. 

A mais recente Pesquisa Nacional de Saúde mostra que 12,6% da população adulta brasileira faz uso de tabaco. Entre os homens, esse índice chega a 15,9%, enquanto nas mulheres soma 9,6%. O tabagismo é mais comum no meio rural, com 13,7% da população dessas regiões consumidoras de tabaco. Na área urbana são 12,4%. 

A região Sul é a que concentra o maior número de fumantes, com 14,7%, seguida pelo Sudeste com 13,3%, Centro-Oeste 13,1%, Nordeste 10,8% e Norte 10,5%. 

Fator de risco: os perigos do tabagismo

O consumo de produtos fumígenos está diretamente ligado a uma série de problemas de saúde, notadamente doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer, exercendo enorme pressão sobre os sistemas de saúde. Em países de baixa e média renda, como o nosso, soma-se a dificuldade de acesso da população aos serviços médico-hospitalares.

O tabagismo é responsável por uma série de doenças crônicas respiratórias, como asma e bronquite. O hábito de fumar danifica as vias aéreas e alvéolos pulmonares, inflamando-os e contribuindo para a destruição do tecido pulmonar. 

Além disso, o consumo de tabaco contribui para o surgimento de patologias cardiovasculares, como hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. O tabagismo também está relacionado aos acidentes vasculares cerebrais, tromboses e aneurismas. 

O diabetes é outro problema de saúde relacionado ao tabaco, já que os produtos químicos presentes nos cigarros podem causar resistência à insulina. Fumantes diagnosticados com diabetes têm risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares e renais. 

Diferentes tipos de câncer estão associados ao tabagismo. Além do câncer de pulmão, o hábito de fumar pode facilitar o aparecimento de tumores na boca, garganta, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, colo do útero e bexiga, entre outros.

Evitando a iniciação e fomentando o abandono do tabagismo

A OMS elegeu o 31 de maio como o Dia Mundial Sem Tabaco para destacar os riscos associados ao tabagismo e promover iniciativas para reduzir o consumo de produtos fumígenos. Este ano, o tema escolhido é a proteção das crianças e jovens da interferência da indústria do tabaco e o apelo para que governos adotem políticas públicas de fomento ao abandono do hábito de fumar. 

Quase um quarto (22,6%) dos estudantes de 13 a 17 anos afirmam já ter experimentado cigarro pelo menos uma vez, conforme a edição mais recente da Pesquisa Nacional de Saúde dos Escolares (PeNSE), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com apoio do Ministério da Educação (MEC).

Outra preocupação é o uso de cigarros eletrônicos entre a população mais jovem. Embora ainda não existam estudos de longa data, pesquisas recentes sugerem que os “vapes” também podem influenciar o surgimento de cânceres, cardiopatias e doenças pulmonares devido à nicotina e outras substâncias presentes em sua composição. A pesquisa Covitel de 2023, realizada com apoio da Umane, apontou que quatro milhões de brasileiros já utilizaram cigarro eletrônico pelo menos uma vez na vida, principalmente na faixa etária entre 18 e 24 anos, na qual uma em cada quatro pessoas tiveram contato com o produto. 

Desde os anos 2000, é proibida a publicidade de tabaco nos meios de comunicação de massa brasileiros, como rádio, TV, jornais, revistas e outdoors. A partir de 2007, a carga tributária incidente sobre derivados do tabaco foi elevada, chegando a 82,97% do valor total desses produtos em 2018. Proteger a população da fumaça de produtos fumígenos é outra medida fundamental de combate ao tabagismo. No Brasil, desde 2011 é proibido fumar em locais públicos fechados, inclusive fumódromos. 

Além disso, as autoridades públicas de saúde também devem oferecer ajuda para conscientizar a população sobre os riscos e estimular o abandono ao tabagismo e o acompanhamento de ex-fumantes em tratamento. No país todo, o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), liderado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), articula a rede do SUS em campanhas e ações de atenção à saúde para prevenir a iniciação e incentivar a cessação do tabagismo.

Outros casos bem-sucedidos vêm do exterior. Segundo a OMS, a Holanda está na vanguarda do controle do tabaco, ao lado de Brasil, Turquia e Ilhas Maurício, por alcançar o nível mais alto das seis medidas MPOWER recomendadas pela organização. São elas: monitorar; proteger as pessoas do fumo do tabaco; oferecer ajuda para parar de fumar; alertar sobre os perigos do tabaco; impor proibições de publicidade, promoção e patrocínio; e aumentar os impostos sobre o produto. Como resultado, a prevalência de pessoas que fumam caiu de 25,7% da população holandesa em 2014 para 20,6% em 2021, diminuindo a taxas comparáveis entre mulheres e homens.
A Umane também contribui para a questão apoiando o programa Cuidando de Todos, iniciativa que visa aprimorar o rastreamento, detecção e tratamento de pacientes com doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão, diabetes e cardiopatias.

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