De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de álcool é responsável por 3 milhões de mortes por ano, representando 5,3% de todas as mortes. A porcentagem de mortes atribuíveis ao álcool entre os homens é de 7,7% (mortes globais) em comparação com 2,6% de todas as mortes entre mulheres.
A faixa etária de 18 a 24 anos liderou o índice de consumo abusivo de álcool do estudo Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), 8,1% relataram consumo regular, enquanto 32,6% fazem uso abusivo e 4,8% demonstram risco de dependência ou dependência.
Para reduzir os problemas de saúde, segurança e socioeconômicos atribuíveis ao álcool, os países têm a responsabilidade de formular, implementar, monitorar e avaliar políticas públicas baseadas em conhecimento científico e com custo-efetividade.
Em 2018, a OMS, em colaboração com parceiros internacionais, lançou a iniciativa SAFER (Safe, Strengthen, Advance, Facilitate, Enforce e Raise), cujo objetivo é apoiar os governos na redução do uso nocivo do álcool e seus impactos sanitários e socioeconômicos.
Estratégias para reduzir o consumo nocivo de álcool
SAFER é a sigla para as 5 intervenções mais custo-efetivas para reduzir o consumo de álcool:
S — Submeter a disponibilidade do álcool a restrições
A — Avançar e impor medidas contra a direção sob efeito do álcool
F — Facilitar o acesso à triagem, intervenção breve e tratamento
E — Executar proibição ou restrição abrangente à publicidade, patrocínio e promoção de bebidas alcoólicas
R — Reajustar o preço do álcool por meio de impostos sobre o consumo e políticas de preços
Para avançar no combate ao consumo do álcool precoce, destacamos a restrição à disponibilidade do álcool e medidas contra a direção sob efeito do álcool; a proibição e restrição à publicidade de bebidas alcoólicas e ações de educação e conscientização sobre seus efeitos.
1 — Submeter a disponibilidade do álcool a restrições e Avançar e impor medidas contra a direção sob efeito do álcool
A ficha informativa “Como regulamentar a disponibilidade do álcool” orienta estabelecer sistemas de licenciamento para monitorar a produção, o comércio e os serviços de bebidas alcoólicas; impor o controle da densidade dos pontos e dos locais de venda; limitar o horário de funcionamento e os dias de abertura do comércio; regulamentar as práticas de comércio varejista e aumentar a idade mínima legal para o consumo do álcool.
Leis que mitiguem o uso indiscriminado de álcool antes de realizar atividade de risco e que limitem e dificultem o acesso de jovens a bebidas alcoólicas, como a Lei Seca (Lei nº 11.705), que proíbe as pessoas de dirigirem sob a influência de álcool, e a Lei nº 13.106, que tornou crime a oferta e venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, são exemplos de medidas nestes âmbitos.
Vale ressaltar que as ações de restringir a venda de bebidas alcoólicas a motoristas reincidentes e em eventos esportivos e aumentar a idade miníma legal para beber para 21 anos demonstraram resultados positivos em outros países.
2 — Executar proibição ou restrição abrangente à publicidade, patrocínio e promoção de bebidas alcoólicas
O marketing do álcool refere-se a todos os elementos envolvidos no esforço para vender bebidas alcoólicas de fabricação industrial, incluindo TV, rádio, mídia impressa e digital. As ações podem englobar restrições em anúncios em mídias tradicionais e digitais e a proibição de promoções que atraiam os jovens, como engajamento nas mídias sociais, concursos, publicidade, compartilhamentos e curtidas em publicações nas redes sociais realizados por influenciadores digitais cuja audiência é adolescente e/ou jovem.
Segundo a ficha informativa da OPAS “Promoção do álcool: por que a regulamentação do marketing é importante?”, as pesquisas mostram que a exposição ao marketing do álcool aumenta a atratividade e a probabilidade de início precoce do consumo (incluindo o beber pesado episódico) e que a exposição a imagens e mensagens sobre o álcool pode precipitar desejos e recaídas em pessoas com dependência. Além disso, os gastos com marketing podem contribuir para o aumento do consumo de bebidas alcoólicas em países economicamente emergentes.
3 — Educar e conscientizar a população jovem
É imprescindível sensibilizar os diferentes grupos da população sobre os riscos à saúde e os efeitos nocivos associados ao consumo de álcool, inclusive por meio de comunicação bem elaborada e contínua dirigida ao público.
Entre essas ações, a implementação de programas de educação nas escolas que abordem os riscos associados ao consumo de álcool com informações precisas e atualizadas, utilizando abordagens pedagógicas adequadas para atingir esse público.
Além disso, incentivar a prática de atividades físicas, esportes e outras formas de entretenimento saudáveis entre os jovens, oferecendo alternativas positivas e construtivas para ocupar o tempo livre e promover o bem-estar; e colaborar com organizações comunitárias, escolas, pais, profissionais de saúde e líderes locais para promover uma abordagem abrangente e coordenada na prevenção e redução do consumo dessas bebidas.
Conheça o Covitel, Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia.
Em sua primeira edição, a pesquisa entrevistou 9 mil pessoas e coletou informações sobre o estado geral de saúde, alimentação, atividade física, saúde mental, hipertensão arterial, diabetes e uso de álcool e tabaco, além de dados sobre gênero, faixa etária, raça, escolaridade e empregabilidade dos entrevistados.
Comparando o período pré-pandemia ao primeiro trimestre de 2022, o Covitel foi o primeiro retrato sobre o impacto da Covid-19 nos fatores de risco que levam ao aumento das prevalências de câncer, diabetes e doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas na população brasileira.
Em sua segunda edição, o Covitel acrescentou perguntas relacionados ao sono e poluição e aumentou o número de perguntas referentes ao uso de cigarro eletrônico. O estudo também utilizou o padrão do questionário AUDIT, que é referência internacional para apurar o consumo de álcool.
Para saber mais sobre a pesquisa, acesse: https://observatoriodaaps.com.br/covitel/
*Realizada pela Vital Strategies Brasil e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com o apoio da Umane, do Instituto Ibirapitanga e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)